Teu retorno


"Dedico esta poesia a uma amiga que hoje mora em Amisterdã e anseia por voltar..."

Do outro lado do oceano, estou ansiosamente a te esperar,
E quando você logo desembarcar na cidade de Guarulhos

Nossa vida num instante e para sempre vai se transformar,

Um grandioso, verdadeiro e lindo amor real vai se aflorar.

Vou, enfim, te beijar, te acariciar, você verá meus olhos

Eles são verdes ou azuis? Eles irão piscar, irão brilhar?
Sou tímido, teu abraço sentirei imensamente na alma.
Mantenha a calma comigo, mas não vou me agüentar,
Pedirei você em namoro, sim, sem medo do que me dirá!
Enquanto você encerra a tua jornada pela a Amisterdam,
Vislumbre o movimento do Amstel e deixe o tempo findar,
Porque o que mais anseio é você por aqui logo chegar,
E nossas mãos se enlaçarem, destinos traçados, em frente,
Nosso amor é mais intenso do que qualquer best seller,
inefavelmente, seja na net ou no real, não tem ponto final!
Bela flor, luz minha, deixe a Holanda e vem para cá,
Vem para ser eternamente a mais magnífica Tulipa
Do jardim dos meus sonhos!

Teu gozo

Teu corpo me domina, me fascina, me aliena de toda a razão,
Perto de você me transformo em uma criança toda sem jeito,
Você faz de mim o que quiser, teu cheiro manda em meu ser,
Arrepio-me todo, fico entumescido, agora sou profundo desejo:
Sim, te quero como minha fêmea, minha mulher, quero te amar.
Se você possui minha alma, quero todo o teu agrado da carne,
Para me compensar, quero ser teu dono incansável e indomável,
Vamos nos enlaçar nesta noite, vamos gemer em bocas coladas!
Me dispa! toma para si não só a alma, mas desbrave minha pele,
Porque agora quero sentir teu corpo, vibrar com teu suave gozo!

O que você faria?


O que você faria, até aonde iria,
Do que seria capaz por um amor?

O que te faz pensar que é fácil amar,
Que será, enfim, correspondido?
De onde tira essa magia toda,
Para ainda acreditar que é possível?

No entanto, você chora, está esquisito,
Você simplesmente chora sorrindo,
Sente falta em tua vida vazia
Dos beijos que não são mais teus.

E ela perpassa por tua memória como brisa,
Sente o cheiro e sente levemente o tato,
Uma lágrima se escorre, gotas no travesseiro.

Mas você a ama, sentimento pujante, você a quer,
Nem mesmo a dor fria da solidão te refreia,
Então você se soergue e telefona...

Ela sabe que é você, mas e daí?
Nem o mínimo esforço para atender ao fone.
Mas você a ama e imagina que ela está a chorar,
A rosa tem medo de as pétalas todas soltar...

Então sonha uma noite de estrelas diáfanas,
Ela vai atender tua chamada e dizer: oi meu amor
Por onde você andava, longe de mim?

Você a ama, e para quem ama
Tudo é possível!

Guarda-Chuva da Alma


De repente, dentro da gente ocorrem grandes tempestades,
Formam-se nuvens cinzas a denotar uma tristeza à toa.
Chove forte, em algumas épocas, em nossa alma que pede calma.
Fico a imaginar, será que existe guarda-chuva para a alma?
Se ele existe, tem teu nome e a forma de teu lindo sorriso!

Vivo vivendo comigo






Vivo sempre entre minhas fantasias e ilusões,
A realidade mesmo, vivo-a de quando em quando.
Todos os meus grandes amores são feitos por mim,
Não são obras do destino ou de um bom galanteio,
Mas forjados e arquitetados na oficina de meus sonhos.
Neles eu sempre sou feliz, os finais são felizes também,
Todos os sorrisos são belos e verdadeiros,
Todos os choros fortalecem ainda mais as paixões.
Para que então viver a realidade dura de pedra
Senão para sonhar intensamente que a vida é possível?

MEU BRASIL


Meu Brasil, mostre-nos a face
Dos traidores e demagogos
Que discursam nos falsos palanques,
Que enganam os desdentados,
Que iludem os adoentados,
Que seduzem os apaixonados
E manipulam a turba de alienados...

Meu Brasil, mostre-nos a face
Dos algozes não dá Pátria,
Nem de mim e nem de nós,
Mas das tuas crianças
Que choram de fome e frio
Ao longo da madrugada...

Meu Brasil, mostre-nos a face
Dos filhos de Mefisto,
Que esbanjam abjetas cobiças
Nos paraísos atlânticos e pacíficos
De bilhões e bilhões de pecados...

Inútil Crueldade


Ao som de canhões, aviões e cães latindo e rasgando coxas humanas,
Nas vastas filas de uma atroz e cruel caminhada ao fim de tudo...
Ainda persistia a vontade de primaveras presentes e futuras.
Nem mesmo a cara rabugenta de um soldado em armas
Conseguiu segurar a gargalhada estrondosa do menino de cabelo raspado,
Que vislumbrou no vôo majestático de uma borboleta multicor
O sonho de Ícaro, dando asas a seus pensamentos...
Quando a porta do barracão se fechou a mãe abraçou ao filho
Com tanta força que provocou lágrimas em todos,
O menino sorria para a sua mãe imitando a borboleta.
Mãe e filho, ao centro de toda aquela gente, beijavam-se.
Enquanto a fumaça mefistofélica impregnava o local,
Últimos suspiros foram dados e todos tombaram ao chão
A mãe ainda abraçada ao filho, que sorria ao porvir...
Ao porvir...ao porvir...ao porvir...ao porvir.

Me de ser feliz talvez...


A moça que passa em mil passos...
Passos céleres pelo espaço,
Pondera em como chegar em seu amado;
Nem percebe que este anda por ela enamorado,
Nem sequer imagina
Que na sua vida há algo de trágico,
Pois toda mulher para conquistar seu amor
Espalha sorrisos pelos lados.

Pobre daquele rapaz que todo dia a olha passar
Não acha coragem para lhe expressar o que sente,
Ilude-se que ela um dia descubra seu amor.
Esquecem que todo caso nasce das pequenas coisas:
Uma conversa, um olhar frente a frente
Ou simplesmente um sorriso.

...

O tempo passou...
Mas a moça nunca mais!
O rapaz também não se encontrava mais por perto.
Num jornal jogado e arrastado pelas procelas e vendavais,
Talvez resquícios, um adeus ao menos!
Na seção de notas de falecimento...

Por que poesia?


Por que, poesia, vives dentro de mim
E no de repente queres sair daí assim:
Toda impetuosa e vicejante a expor
As entranhas abstratas do meu ser?

Que oculta substância há em mim
Que te concebe tão forte e contumaz?
Será a dura realidade de minha loucura
Ou uma imensa sentimentalidade sem cura?

Poesia, por que me fazes viver em fantasia?
Por que me contagias com sua malícia?
Por que às vezes me cortas e sangra
Mas meu sangue não derrama?

Poesia, se és do mundo da magia
Mas é em mim que de toda se anima,
Será tudo em mim esquizofrenia?
Ou mesmo uma autopsicografia?

Transcendência Musical


Ao som de “With or without you”
Sinto minha alma se desprendendo do corpo,
Inebriada que fica pelos acordes do teclado
Que alcança o ápice da transcendência musical...

No amálgama das lágrimas que escorrem
Na vã tentativa de afogarem meu sorriso,
Invade-me o êxtase mais sublime,
O esplendor da revelação insofismável...

A música ecoa forte na voz do profeta irlandês,
Toma completamente conta de meu ser:
Demonstra-me através de seus acordes sonantes
Que o amor é possível e magnificamente libertário!

Diante da mais sublime revelação da vida,
Entre arcos íris imaginários e visões sutis,
Só me resta gritar para todas as direções:
“Eu te amo e espero por você”.

Sempre sem você


Deitado em minha cama sozinho...
Sinto seus passos no corredor...
Ouço a porta se abrindo...
Acordo de meu sonho...
Estou sozinho e nada segura
Minhas lágrimas de solidão...

Estou num deserto sufocante...
Vislumbro a tua miragem...
Você é a nascente a me saciar...
Acordo de meu sonho...
Estou perdido e nada sacia
Esta sede infinita de você...

Por uma praça passeio...
Na tarde que me diz até...
Você é a flor do canteiro...
Que não posso acariciar...
Desta vez não é só sonho,
É a dura real em que vivo...
Sempre, sem você!

LIBERDADE


Hoje eu sou um pássaro livre,
Ninguém me segura,

Basta de cordas e correntes.
O mundo é tão grande:
Quero correr por todo o seu solo
E beijar toda terra que pisar
E me deliciar de toda
Água cristalina que me ofertar,

Abraçar, na minha jornada,

A todos por onde ei de passar.

Ah! Grande Guerreiro Zumbi

A vida nada mudou:
Essa tua vontade de liberdade

Fortemente ainda existe

E persiste dentro de cada nós!

Não se preocupem amigos:

A vida é como o horizonte,
Tão longe e tão perto

Tão lindo e desigual!

FIM DALGO


Fizemos um pacto
De que nunca nos separiaríamos
Mas o tempo corrói tudo,
Inda mais o amor:
Esse frágil sentimento
Que se quebra ao simples atrito.

Mesmo que brinquemos de quebra-cabeça
Com os estilhaços espalhados ao chão,
Sempre faltará alguma peça,
Nunca há de se recompor como outrora.

Mais fácil compor esse poema triste,
Pobre de sintaxe e conteúdo (se meu coração está vazio, o que dizer de meu poema),
Regado de lágrimas secas
E mecanicamente chorosas...

A NÃO-TRAVESSIA


Nada em você me busca:
Tuas mãos fogem das minhas,
Teu olhar vacilante, teus lábios fugidios,
Tudo parece querer ganhar distância;
Uma ligação (des)amorosa em pararelo.

Caminhos diferentes, pensamentos diferentes
Com toda a ênfase palpável existente,
Entre nós não há ponte; o que há:
Possíveis abismos, profundos despenhadeiros
Vales assombrosos...
Uma não inter-relação, uma falsa tentativa,
Verdadeira, crassa e palmar ilusão.

Portanto, caminhemos...
Melhor darmos as costas,
Pois a travessia desses abismos é inexecutável.
Mais fácil escalar o Himalaia, o K2,
Atravessar a nado o Solimões, o Paquequer.

Caminhemos...
Como dois bons animais que somos.

AMOR ASSIM


Encontrei alguém que sofra por mim...
Ela me liga todo dia para saber como estou
Eu dou uma de difícil, ela fica toda brava
Já faz tempo esse meu reino sobre ela:
E uma hora eu acabo reinando...

Todo dia seria o dia de lhe dar flores
Mas eu idiotamente não as dou...
Ontem mesmo até pensei em pegar na sua mão
Mas não aproveitei a mágica oportunidade.

Penso nela todos os santos dias,
Mas atitude me falta; o que não falta a ela,
Ela já chega e me encosta na parede,
E eu, desertor do amor, vou sempre recuando.

No dia dos namorados me deu de presente
Sentimento do Mundo, obra de Drummond,
Quando li o poema
Quero me casar
Lembrei de mim na contramão do amor.

Mas o amor se conquista,
E por mais que eu não queira
Ela acabou por me conquistar.
Confesso, estou sofrendo
Pelo que ainda não fiz em seu louvor.

Vou sair à sua procura e,
Antes que esse amor termine,
Quero asas para a loucura mais sublime!

TODO IMPÉRIO CAI



Encostem teus ouvidos ao solo
Escutem o trote cansado da cavalaria de Napoleão
Retirando-se das terras russas.
Vejam soldados congelados pela longa jornada
Vislumbrem a grande queda de um grande império.
A maior das tiranas:
A história!
E como ela gosta de tombar!
Avante civilização!

Ser caipira sem sertão...



Ser caipira sem sertão...
Morar na linda cidade Gavião
Tocando com os amigos
Uma boa viola e violão.

Ser caipira sem sertão...
Ler o mito Guimarães Rosa
Fazendo da vida uma prosa
Ao ler os causos de então.

Ser caipira sem sertão...
Colocar chapéu de couro
Saindo de madrugada
E ir para as bandas do Barretão.

Ser caipira sem sertão...
Deitar na rede da varanda
Atravessando a noite a sonhar
E a ouvir as modas do Tião.

Ser caipira sem sertão...
Amar sem nenhum medo
Pedindo em casamento
A linda filha do patrão.

A MOÇA DE MEUS SONHOS





A moça de meus sonhos tem o dom de sorrir,
É o sorriso mais lindo do mundo, como ela é em si.

Imagino-me sob seus braços, aconchegado próximo ao seu coração:

Seria como estar ao centro de um jardim cheio de aromáticas belas flores...
Seria a saudável perdição de todos os meus desejos diante de seus encantos...

Penso em como seria bom estarmos à beira de um riacho em balbúrdias de águas espumosas:

Ao som da água em queda pegaria em suas mãos e beijaria seus lábios...
Depois, todo vermelho, diria em seu ouvido o que só dizem os enamorados...

A moça de meus sonhos é a musa de minha inspiração,
Se nossos lábios se amalgamassem...
Que lindo ósculo daria!

POESIA?


Entre futilidades tantas
Ainda me encanta as tantas
poesias que me cantas...

Drummond, José saiu...
Mandou o mundo para
a puta que o pariu!

DESENHO DO SORRISO


Quando risco um sorriso
E esboça-se um riso
Sinto o risco
Do sorriso
Desfazer-se do riso.
Aí o riso
Esboça-se em meu sorriso:
Vejo o risco do sorriso
Esboçar o riso
No papel riscado
de sorrisos.

A GRANDE MUDANÇA


Por mais que a gente queira mudar as coisas,
Elas insistem em não mudar e mudam para mais
Do que não esperávamos jamais...
Se esta é a verdade evidente que nos cerca
E o fascínio da vida é vencer o fado que nos espera,
Então, no escuro de nosso quarto, vamos chorar,
E como o gladiador que chega de seu repto pessoal,
Tiremos os trajes de ferro e aço que esfriam nosso coração,
Lavemos a sujeira do rosto com nossas lágrimas sentidas,
Tratemos de nossas feridas, que não esbanjam sangue
E muito menos cicatrizes dilacerantes em nossa carne,
Mas a mais profunda dor que se possa sentir, latejante,
Aqui, dentro de nós, alvejados pela lança mais perfeita
Bem ao centro de nossas sensíveis almas.

(...)

A cama e o travesseiro estão diante de nós,
Agora nos resta apenas deitar e acreditar sempre
Que cada dia é uma batalha a ser vencida por nós
E as derrotas não existem para os sonhadores.
Mudemos a si próprios...

FLOR DO JARDIM


"Num jardim de frente ao antigo estádio municipal de Araraquara, ponto de ônibus de estudantes, por volta das 23 horas, em agosto de 2003"

No jardim todos esperam os ônibus;
A moça sentada no banco do jardim é linda,
Das flores do jardim, inegavelmente a mais bela.
O jardim é todo dela, todo ela, dela sou eu também.
Não a conheço, apenas a observo carinhosamente,
Como se estudioso fosse da mais rara flora...
E assim o tempo vai fluindo desapercebido
E a flor mais bela toma mais e mais conta de mim...
Enfim, chegam os ônibus com as portas abertas,
A flor bela vira um grande pássaro a voar!
Vai-se embora, sem ao menos olhar para mim...

Por onde passei é novidade para alguém


Numa mesa de bar o passado insiste em estar presente

Na boca indômita de um amigo desavisado...

Diz em bom tom que minha ex-namorada estava com outro,

“De mão dada e tudo, em uma lanchonete, tal de Kais”

Então, insiste ele a dizer: “lá mesmo naquele lugar

Onde você sempre dizia ir com a sua ex, estranho não?”

De repente todos param, voltam-se o olhar curioso para mim,

Todos à espera, ansiosos, da resposta do amigo sentimental.

Rapidamente penso na transitoriedade das coisas do amor,

Na última vez que lá estivemos, em que mesa nos ocupamos;

Lembro dela partindo o kibe ao meio, trazendo à tona o queijo.

Então viro o copo de cerveja e sem tristeza no olhar eu digo:

“Pois é, ela adora o kibe de queijo que servem lá.”

Ficam frustrados pela niilista resposta dada, faltou a magia.

Criado o suspense, arremato exatamente de forma inexplicável:

“Nem sempre o passado é pedra, mas é rolha e vive a flutuar...”

Novamente o amigo tagarela me indaga, pedindo objetividade:

“Mas que resposta mais maluca é essa meu?”

E a mesa toda começa a sorrir e a vida se toca é para frente.

AMOR IMERSO

Vejo meus olhos espiando a profundidade de meu ser Sinto meu corpo escorregando nos desfiladeiros de minha alma. E mesmo assim não perco...