
Parto esta noite, arrumo as malas, sem destino...
Leio Gênesis e o verbo me rasga todo e sangra,
Onde estará a prometida divindade reflexa em mim?
Labor...temores...o tempo, só agora percebo
Que o tempo, desconcertante, me persegue pelo caminho,
Como sombra a me encurralar entre o sol e o chegar da lua.
Não importa, pois, o destino, o caminho será sempre o mesmo,
É por isso que parto, logo após o parto que passei no quarto.
Eu pari um revolta, uma volta aos pilares da fé, uma indagação:
Se fomos feito à imagem e semelhança de Deus, o que é o inverso?
Se Deus se fez homem, quero agora me fazer-se de Deus,
O universo, em tom grave, diz que posso, embora seja loucura maior!
Que o mundo da fantasia retorne, que mares se abram, que anjos surjam,
Que a terra prometida se regularize, que os fiéis se amem...
Buda, Jesus, Maomé, todos os batizo como irmãos,
Que caia a Babel da última e única verdade, multifacetados somos!
Eu existirei no perdão e no abraço de um palestino a um israelense,
Na faixa de Gaza, na construção conjunta de casas populares.
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