Quem me dera


Quem me dera eu tivesse o dom de fazer com que você passasse, incontinenti, a me amar...
Talvez tal situação seja impossível, talvez não, mas o fato é que teus olhos neste instante me dominam, tomam conta de meus sentimentos, guiando-os para um mundo em que jamais sairia por minha vontade, posto que cheio de ternura.
Sei de minhas limitações, conheço a fronteira do tangível, de modo que na maioria das vezes não conto a história de minhas perdas amorosas, mas conto, em alto tom, através de meus versos, pobres de rima e de vernáculo, a história do que não foi e poderia ter sido!
É nessa dimensão da imaginação, no espectro das conjecturas, que eu consigo viver feliz sem me aperceber de sua ausência em minha vida. Tal devaneio me coloca longe do sofrimento da desilusão.
Quase impossível entender por que não somos felizes no amor. O amor deveria ser o ápice do bem estar humano, mas muitas vezes acaba por ser a causa de muita dor e desalento. Quantas pessoas sofrem por amor? Uns não são correspondidos, outros mal amados. A própria História nos demonstra que por amor, ou melhor, por desilusão no amor, guerras aconteceram, impérios estremeceram, palácios ruíram. Sem contar os dramas individuais que acontecem no bojo da civilização.
Por isso tudo eu me evito, driblando a minha própria história. Enquanto os crimes passionais ocorrem, enquanto alguns se transformam em andarilhos ébrios, enquanto outros pulam de ponta-cabeça nos pontilhões, simplesmente eu estou fazendo piquenique com você numa bela tarde de domingo, ao som de sabiás, peitos-amarelos e tico-ticos. Sou louco? Não sei exatamente o que o Doutor Simão Bacamarte me responderia.
Dentro do contexto delineado, eu elaborei uma história sobre nós, evidentemente daquilo que poderia ter sido, do que não foi. A história tem um enredo maravilhoso, os cenários são perfeitos, com detalhes descritivos que dá inveja ao maior dos romancistas. Uma história de comédia-romântica que revolucionaria todas as atividades artísticas possíveis.
Sendo assim, talvez um dia eu mostre a você todo o enredo de nossa hipotética história, quando, de repente, você sair da realidade também e me encontrar no mundo mágico de meus sonhos, dentro da perspectiva daquela máxima que nos diz que sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas o sonho que se sonha junto é realidade!

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AMOR IMERSO

Vejo meus olhos espiando a profundidade de meu ser Sinto meu corpo escorregando nos desfiladeiros de minha alma. E mesmo assim não perco...