Veja aquela criança desengonçada, olhos baixos e introvertida,
Com medo dos olhos julgadores das meninas no pátio da escola.
Preste atenção, ele ama o céu, passa horas vendo as albas nuvens,
Ele é estranho, indiferente e esquisito aos olhos dela: fala sozinho!
Ela nunca viu, mas ele a via e logo desenhava com gestos um coração,
Escrevia coisas num caderno escolar; sentimentos da mais pura alma.
Quantas vezes ele pensou em lhe deixar um bilhete em sua carteira,
Mas sempre se perdia nas vírgulas daqueles doces olhos de Capitu!
...
Sim, estou viajando no tempo, estou no passado tão presente em mim,
Aquela criança tímida era eu, absorvido em mil sensações e desejos;
Perdido no pátio da escola, minha bússola só me levava àquela menina,
Que se mantinha distante como a ilha do tesouro que contam os livros.
Aquela menina de belo sorriso, rainha do pátio da escola, era você!
Ainda desenho corações no ar, um gesto peculiar que me tornou hábito,
Que me arrasta para aquele teu sorriso, que nunca fora me dado.
Quando eu vislumbrava as nuvens do céu, escrevia para te ter comigo.
Nas folhas daquele caderninho do primário (ainda o tenho),
Eu tinha você comigo e você dizia me amar eternamente!