Santa Maria e a Fumaça




Mãe, juro por tudo,
Por Santa Maria,
Era para ser só alegria,
Mas veio a faísca, a fumaça,
E a ganância estava lá,
Na única porta de saída!

Mãe, não chegarei mais,
Nem eu, nem meus amigos,
Fomos asfixiados, pisoteados,
E alguém, o demônio talvez,
Vociferava sobre comanda!

Mãe, não fique triste assim,
As chamas foram acalmadas,
A fumaça tóxica se dissipou,
Não sinto mais aquela dor,
Nem aquele infernal Calor!

Guarde-me no teu coração,

Agora estou no céu (no cosmos);
Pense-me sorrindo como sempre
Nao, não serei um simples se foi,
Porque eternamente estarei
Em teus carinhosos pensamentos!

AQUELA CRIANÇA


Veja aquela criança desengonçada, olhos baixos e introvertida,
Com medo dos olhos julgadores das meninas no pátio da escola.
Preste atenção, ele ama o céu, passa horas vendo as albas nuvens,
Ele é estranho, indiferente e esquisito aos olhos dela: fala sozinho!

Ela nunca viu, mas ele a via e logo desenhava com gestos um coração,
Escrevia coisas num caderno escolar; sentimentos da mais pura alma.
Quantas vezes ele pensou em lhe deixar um bilhete em sua carteira,
Mas sempre se perdia nas vírgulas daqueles doces olhos de Capitu!

...

Sim, estou viajando no tempo, estou no passado tão presente em mim,
Aquela criança tímida era eu, absorvido em mil sensações e desejos;
Perdido no pátio da escola, minha bússola só me levava àquela menina,
Que se mantinha distante como a ilha do tesouro que contam os livros.
Aquela menina de belo sorriso, rainha do pátio da escola, era você!

Ainda desenho corações no ar, um gesto peculiar que me tornou hábito,
Que me arrasta para aquele teu sorriso, que nunca fora me dado.
Quando eu vislumbrava as nuvens do céu, escrevia para te ter comigo.
Nas folhas daquele caderninho do primário (ainda o tenho),
Eu tinha você comigo e você dizia me amar eternamente!

AMOR IMERSO

Vejo meus olhos espiando a profundidade de meu ser Sinto meu corpo escorregando nos desfiladeiros de minha alma. E mesmo assim não perco...