PARA LONGE DE TI


Teu silêncio me enjaula

me congela e me isola

dá-me um nó nas entranhas

amordaça meus lábios

não me deixa sorrir.

Decido fugir

e levo comigo a maldição

que em mim você

estranhamente lançou

a de nunca mais sorrir.

E a estrada que alcanço

de uma rica flora

disposta em suas margens

me socorre e promete

Levar-me para bem longe de ti.

MINHA FÉ EM VOCÊ


Pouco antes de você partir

Me perdi pelo caminho...

E assim fiquei por muito tempo,

À deriva, solto pelas rédeas da incerteza.

Eu buscava uma fé, um dogma a seguir,

Mas os compêndios, os livros,

Eles me tiraram a possibilidade

De crer piamente no fantástico.

(...)

E você quando aqui esteve comigo,

Foi tão vago, tão distante, tão objetivo,

E tão intensamente marcante em minha vida.

Busquei vagas imagens de nossas interações,

E nada me foi elucidado, apenas um velho retrato,

Você estava sentado ao meu lado, em um sofá.

(...)

Então meu caminho cheio de encruzilhadas eu segui,

Sem fé, sem você, apenas no ouvir meus medrosos passos.

Mas um dia eu prestei atenção nas estrelas e te vi,

Me encheu de uma saudade, uma imensidão de verdade.

Reconstruí meu caminho, me centrei, criei uma fé só minha,

E se erro, agora sei, a culpa é minha, de mais ninguém!

JÉSSICA


Eu tenho uma amiga,

ela é uma bruxinha

dessas que voam em vassoura,

canta como o vento que sopra,

faz balançar as canoas.

Ela é bela,

ela é pagã.

Teu sorriso cabalístico

me encanta como as sereias da Odisséia;

me envenena como Circe.

Minha amiga bruxinha cheira a incenso

e nas noites de lua cheia

lá vem ela,

notívaga a me visitar!

Então eu uivo como um lobo,

Minha amiga bruxinha me enfeitiça

e me faz sentir o gosto da maçã!

Chão de Orvalho


Quando você soltou a minha mão
E me deixou em teu passado...
Conheci extamente
a dimensão de meu fracasso.
(...)
E quando no futuro...
Você soltar uma lágrima
A confundir com o chão de orvalho,
Saberá então que o perdão
Nos salvaria do tenaz calvário,
Porque na vida:
Há nó que não desata;
Há caso que não se acaba;
Há mãos que não se desenlaçam;
Há amor que não se encerra!

Homem Singelo


Não sou um homem belo...não sou um homem rico...não tenho muitas ambições...minha personalidade é singela...foi construída ao ritmo de uma pequena cidade...é por isso que meus olhos são tímidos...é por isso que a história de Ícaro me fascina...quantas vezes fui rei, quantas vezes fui Teseu em meu quintal! Quando chegava a tardezinha eu sentava com minha mãe e irmãos...a gente passava horas vendo as nuvens...as nuvens desenham...as nuvens colorem com o sol...as nuvens são Da Vinci, Dali, Goya e Caravaggio...e nos dias frios as nuvens pincelam como Van Gogh...Quando anoitecia lá estávamos nós a desenhar...tracejando entre as estrelas...na mais pura brancura da via láctea...o cruzeiro do sul...o escorpião...a Orion...Minha mãe contava estórias do saci...da grande sucuri...das caçadas de meu avó...tudo isso nas matas, morros e brejos...do fundo da Bocaiúva...É por isso que tudo que vejo... tudo que sinto...às vezes eu escrevo...Por menor que seja...todo detalhe da vida...algo de bom nos ensina...e é isso que espero que meus filhos aprendam... tudo no decorrer da vida!

O sol ressurge


O vento entreabre a janela
E me diz que você não irá voltar...
E o frio da noite
Me abraça em teu lugar.
E logo amanhece
...e o sol ressurge:
É ele quem me diz que você,
Você não esquece o meu olhar...

AMOR IMERSO

Vejo meus olhos espiando a profundidade de meu ser Sinto meu corpo escorregando nos desfiladeiros de minha alma. E mesmo assim não perco...